terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Modelo de Maturidade de um Sistema de Suporte à Decisão

De acordo com o The Data Warehousing Institute (TDWI), a adopção pelas organizações de um  ambiente de DW/BI passa por uma evolução de seis estádios, desde a fase em que a implementação de soluções é encarada como um centro de custos operacional até à fase em que as soluções de BI são encaradas como um recurso estratégico na gestão do negócio:


Fig. 1 – Fases do Modelo de Maturidade

Este modelo de maturidade constitui uma maneira de analisar em que ponto se encontra a implementação da solução de um sistema de suporte à decisão. Assim, existem seis fases que podem ser identificadas – prenatal, infant, child, teenager, adult e sage. Para além destas, existem dois pontos críticos a ter em atenção: gulf e chasm. No primeiro, é necessário que a empresa reconheça que o SSD é mais do que uma ferramenta de reporting de gestão enquanto no segundo, numa fase mais avançado de maturidade, implica reconhecer o BI/DW (Business Intelligence/Data Warehouse) como recurso indispensável para a sobrevivência da empresa.

Desta forma, ir-se-á analisar um caso de estudo de uma empresa que dá-se pelo nome de TOKPHONE e é uma multinacional de referência no mercado das telecomunicações.

Esta empresa apesar de se distinguir pela excelência dos seus sistemas de informação encontra-se no ponto crítico, anteriormente referido, o gulf, ou seja, entre a fase infant e child. Esta afirmação poderá ser suportada pela facto dos gestores desta empresa recorrerem a folhas de cálculo para fazerem análises de mercado e, no entanto, já terem o seu departamento de Marketing a dispor de dois Data Marts.  

A fase de infant é caracterizada pela proliferação de spreadmarts, ou seja, são folhas de cálculo que são utilizadas mas cada pessoa emprega os seus próprios dados, métricas e regras de negócio que não são homogeneizadas e, por sua vez, não se integram com outros spreadmarts e, consequentemente, impedem a obtenção de uma visão de negócio clara, integrada e consistente. Já na fase de child, com a implementação dos Data Marts departamentais é reconhecida a necessidade de dotar os colaboradores com informação actualizada. Estes são muito eficientes no que respeita ao suporte das necessidades de cada departamento e não de uma forma corporativa.

Porém, a maturidade poderá ser avaliada através de oito vectores, sendo eles:
Scope: Departamento de Marketing com 100 colaboradores possui dois Data Marts (Vendas e Clientes) e, por isso, poder-se-á afirmar que se encontra na fase child visto que já abrange um departamento.

Sponsorship: Os Data Marts tiveram como sponsor o Director de Informação de Gestão colocando, por isso, numa fase de teenager.

Funding: Na TOKPHONE o financiamento é feito através da prioritização de todas as iniciativas (IT e BI), sendo que as iniciativas de BI representam cerca de 10% da totalidade dos projectos actuais. Desta forma, encontra-se na fase child pois é através do orçamento do departamento que é possível que haja este tipo de investimento.

Value: Ao analisarmos a forma como o BI/DW afecta as necessidades de negócio da TOKPHONE verifica-se que o valor atribuído ao BI/DW ainda se encontra na fase child porque utilizam o Data Mart referente aos clientes para integrar todas as informações diárias dos seus clientes enquanto o Data Mart das vendas permite monitorizar a performance das mesmas, tornando estes Data Marts como recursos tácticos para a tomada de decisão.

Architecture: Neste ponto, a empresa poderá encontra-se entre a fase infant e child pois ainda está entre os spreadmarts e os Data Marts não integrados (o dos clientes e o das vendas foram desenvolvidos de uma forma independente).

Data: Os utilizadores não confiam totalmente nos dados pelo que têm que ser feitas validações dos mesmos nas fontes de informação e, por conseguinte, a TOKPHONE encontra-se na fase teenager.

Development: Ainda se encontra na fase infant visto que os projectos de BI são vistos, pelo departamento de IT, como qualquer outro projecto.

Delivery: Na TOKPHONE cabe aos utilizadores construir os seus próprios relatórios e, portanto, encontra-se na fase 2 (child).

Para que esta empresa consiga desenvolver e avançar o seu estado de maturidade deverá apostar na formação dos utilizadores ou na criação de uma equipa especializada no desenvolvimento de todos os aspectos inerentes ao desenvolvimento de um DW.  
Também terá que ver o seu sistema de DW/BI como um excelente investimento a nível corporativo e não apenas departamental pois só assim este trará grandes vantagens competitivas para a TOKPHONE. Portanto, será necessário cativar o interesse dos gestores de topo para que este sistema passe a ser utilizado por toda a empresa, o que facilitará a integração de toda a informação e, de certa forma, ajudará no cumprimento dos seus objectivos estratégicos.


Referencias:
The Data Warehousing Institute (TDWI)

Guerreiro, João (2011), Cadeira de Sistemas Integrados de Apoio à Decisão (ISCTE – IUL)

Data Warehousing e o alinhamento dos objectivos estratégicos

Tendo em conta que se vive numa sociedade de informação as empresas têm que ter a noção que o sucesso desta depende da estratégia adoptada para conseguir alcançar os seus objectivos. Porém, a estratégia de um negócio para, actualmente, ter sucesso requer eficácia operacional. Desta forma, o Data Warehouse (DW) é uma excelente forma para que os gestores de topo das empresas estejam capacitados de aproveitar as melhores oportunidades para o seu negócio. 
O Data Warehousing é uma arquitectura que utiliza dados de diversas fontes e que poderá trazer, perante iniciativas estratégicas, determinados benefícios como um melhor suporte à tomada de decisão; um acompanhamento à actividade de negócio, através de indicadores e análises transversais a toda a organização (Narciso, 2011).
O DW armazena um grande volume de dados, vindos dos sistemas operacionais, e permite consultas mais eficientes e mais rápidas dos dados integrados. Um DW por apresentar as informações da empresa de um modo consistente e seguro e por ser flexível a mudanças facilita a tomada de decisão (Narciso, 2011).

Fig.1 – Data Warehouse

Tendo em conta que o desalinhamento da estratégia com as tecnologias de informação pode tornar-se um obstáculo para a implementação de mudanças no negócio é necessário que as empresas tenham a habilidade de identificar as razões que levam à construção de um Data Warehouse de forma a tirarem o maior proveito das funcionalidades do mesmo. Só assim conseguirão ter a informação pertinente para ajudar na tomada de decisão e assim conseguirem ganhar vantagem competitiva.
Desta forma a utilização do Data Warehouse pode proporcionar às empresas a implementação de sistemas de informação que possam absorver novos conceitos na gestão das informações estratégicas, como o Balanced Scorecard (BSC).
A combinação entre o BSC e o DW permite uma gestão mais precisa por parte das empresas visto que permitem às organizações equilibrar os seus recursos e gerir o seu negócio de acordo com a sua estratégia e os seus Key Performance Indicators (KPI – Indicadores de desempenho). O Data Warehouse é o alicerce que suporta este processo de gestão que permite às empresas monitorizarem o seu progresso de uma forma contínua.


Em suma final, a utilização estratégica da informação é a melhor maneira de se obter vantagens competitivas. Por conseguinte, a utilização do Data Warehouse e do Balanced Scorecard são ferramentas poderosas para gerar informações tácticas e estratégicas assim como monitorizar o desempenho das organizações através da medição de indicadores. Portanto, serão ferramentas interessantes para as empresas alcançarem os seus objectivos estratégicos.

Referências:
Information Managment

Narciso, Patrícia (2011), Apontamentos da cadeira de Sistemas de Informação Analíticos I do Mestrado de Sistemas Integrados de Apoio à Decisão (ISCTE – IUL)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Balanced Scorecard: Vantagens, Desvantagens e Pitfalls

O Balanced Scorecard (BSC) é uma ferramenta de análise no contexto do suporte à decisão. Este modelo de gestão de desempenho organizacional procura traduzir a estratégia de uma empresa num conjunto de objectivos operacionais. A avaliação do desempenho para cada um dos objectivos operacionais é conseguida através da medição de um conjunto de indicadores de natureza financeira e não financeira (Cortes, 2005).

No início da década de 90 os medidores financeiros foram alvos de críticas quanto ao seu papel no desempenho organizacional por não terem capacidade preditiva e, por isso, em 1993 Robert Kaplan e David Norton da Harvard Business School decidiram desenvolver o Balanced Scorecard.
O BSC surgiu da necessidade de quantificar e gerir correctamente os activos intangíveis da organização, emergindo como uma ferramenta que permite executar a estratégia, balanceando os dados financeiros com outros indicadores indutores de performance futura em quatro perspectivas que garantem a obtenção de resultados (Kaplan e Norton):
·         Financeira
·         Cliente
·         Processos internos
·         Aprendizagem e Crescimento

Fig. 1 - Perspectivas

Para a implementação de um BSC, a definição destas estratégias passa primeiro pela identificação da visão da organização. Obter tal visão significa conhecer a linha estratégica que se encontra a ser seguida pela empresa e decidir em que áreas é que esta se deve focar para potenciar o seu valor (Cortes, 2005).

Após a identificação da visão e das perspectivas de análise é necessário definir as medidas e os indicadores que serão utilizados na medição do cumprimento dos objectivos. Já com o BSC implementado, segue-se a fase de monitorização e de avaliação.

Um BSC é constituído pelos seguintes elementos:
·         Missão, visão, valores
·         Temas estratégicos
·         Objectivos estratégicos
·         Indicadores de desempenho (métricas)
Lagging: indicadores de resultado
Leading : indicadores de acção
·         Perspectivas
·         Mapa Estratégico
Fornece uma representação visual das relações de causa e efeito entre os componentes da estratégia de uma organização.
·         Metas (targets)
·         Iniciativas


Vantagens
ü  Mais que um sistema de mensuração de desempenho, o BSC é um tradutor da estratégia e comunicador de desempenho (Kaplan e Norton) à A proposta do BSC é tornar perceptível, para todos os níveis da organização, a visão, missão e estratégia para que todos saibam o que fazer e de que forma as suas acções têm impacto no desempenho organizacional;

ü  Fornecer aos gestores uma visão global e integrada do desempenho organizacional;

ü  As dependências dos objectivos estão claramente identificados o que permite atacar com precisão as limitações organizacionais;


ü  Capacidade de ligar o planeamento estratégico à execução;

ü  Facilita os processos de análise reduzindo a informação necessária em cada tomada de decisão a um conjunto mínimo de indicadores que traduzem eficientemente a situação de uma organização;

ü  Melhorar o feedback e a aprendizagem estratégica: depois de definidas as acções a executar para que os objectivos estratégicos sejam atingidos, o resultado das medições dessas acções devem servir para verificar a validade das iniciativas tomadas, aferir da eficiência das mesmas ou se as mesmas precisam de ser melhoradas para concretizar o objectivo.


Desafios
ü  Manutenção;

ü  Usar uma estrutura forte para construir o BSC (ter a missão e visão bem identificadas);

ü  Ter noção que um BSC é um projecto de longo prazo;

ü  Formação;

ü  Construção do mapa estratégico de acordo com aquilo que a organização pretende.

Pitfalls
ü  Os limites do BSC são essencialmente culturais. Nem todas as organizações estão preparadas para comunicarem a todos os níveis hierárquicos, os seus objectivos e respectivas realizações;

ü  A organização deve ter bem delineado aquilo que pretende de forma a desenhar um  BSC adaptado à sua realidade;

ü  Não se deve assumir que as relações de causa-efeito são precisas;

ü  Falta de compromisso por parte da gestão de topo;

ü  Não existir formação e manutenção contínuas.


Referências
Sistemas de Suporte à Decisão, Bruno Corte (Junho, 2005), FCA-editora de informática
 Business Intelligence – A Managerial Approach; Efraim Turban, Ramesh Sharda, Dursun Delen,  David King (2008); Pearson
 The Balanced Scorecard – Translating Strategy into Action, KAPLAN, Robert S., NORTON, David P.(1996) , Harvard Business School Press.
Management Systems, a practical approach to transforming organizations; Thomas H. Lee, Shoji Shiba, Robert Chapman Wood (1999)
Balance Scorecard Institute. URL: http://www.balancedscorecard.org/